Quem depende do transporte coletivo da cidade está sofrendo bastante desde o início da pandemia. Menos ônibus, limite de passageiros, embarque nos terminais pela porta da frente, demora, e a redução gigantesca de veículos em circulação fora do horário de pico, como se ninguém precisasse sair das 9 as 16h de casa.
Sexta-feira passada (16), o prefeito Marquinhos Trad revogou o toque de recolher da cidade, onde desde então, o comércio tem funcionado normalmente até altas horas da madrugada. Só hoje (23), que a Agetran determinou a circulação dos veículos das linhas da cidade até as 23, 0h, dependendo da linha e da região.
Não que antes não tinha ônibus até 0h, mas o passageiro só podia embarcar na praça Ary Coelho, e pegar linhas especiais, que saíam a cada hora (21:30, 22:30 e 23:30), linhas essas que deixam várias partes da cidade sem atendimento de ônibus, forçando a população a ter que se virar para poder se deslocar.
Uma grande reclamação vinha também do pessoal que trabalha nos shoppings da cidade. O funcionamento dos shoppings tem sido até as 22h desde antes do final do toque de recolher, mas as linhas que atendem os mesmos continuavam operando somente até as 21h. Quem não tinha condições de pagar por um aplicativo para voltar pra casa, tinha que voltar a pé. Em alguns casos, pessoas perderam o emprego por ter apenas o coletivo como meio de deslocamento, coletivo esse que não estava atendendo essas pessoas.
A inércia do poder público impressiona: só após uma semana da revogação do toque de recolher, a Agetran resolveu trabalhar e ordenar que as linhas circulem até as 0h. Como se isso não bastasse, o intervalo após as 20h entre um ônibus e outro é assustador: mais de 45 minutos nas linhas troncais (vermelhas) e até 1h30 nas linhas alimentadoras (azuis).
Além disso, o consórcio não atualizou o horário completamente no site, e várias linhas estão circulando além do horário divulgado. Linhas como a 211, 228, estão circulando até as 0h, mas no site, o horário de encerramento de operação é as 21h. Curioso como o próprio consórcio se sabota na perda da demanda, pois para uma pessoa que trabalha no Shopping Campo Grande e reside no Vida Nova, por exemplo, essa viagem poderia ser feita de ônibus. Mas, como falta a informação no site da empresa, a pessoa acaba optando por pegar um aplicativo.
Número de ônibus circulando é menor que o divulgado
Há semanas o consórcio vem mentindo descaradamente para a população sobre o efetivo de frota em circulação. Alegam que 70% da frota está circulando, mas esquecem de informar que isso é apenas entre as 6:30 e as 7:30 da manha. Depois desse horário, a frota operante cai pra menos de 30% do total de veículos em operação da capital. Ou seja, dos 550 veículos, apenas 165 em média continuam operando nas linhas da cidade.
Além disso, linhas que antes circulavam o dia todo com boa demanda de passageiros, passaram a circular somente no horário de pico. Um exemplo disso é a linha 102, que liga os terminais Guaicurus e Hércules Maymone, passando pela Três Barras, Cristo Redentor e parte do Itamaracá. Antes da pandemia, a linha chegava a circular com 4 veículos no horário de pico. Hoje, circula das 5h as 8h, e só volta a circular as 15h, parando as 20h.
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