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Fim da viação São Francisco e unificação das empresas do consórcio

Desde o primeiro dia útil do ano, algo vem acontecendo nos bastidores do transporte coletivo da cidade. A viação São Francisco, uma das (se não a) primeiras a trazer o transporte coletivo de passageiros para Campo Grande lá nos ainda anos 1940/1950, fechou de vez as suas portas, dando fim a toda sua história. O prédio estava com um anúncio de venda do terreno há um bom tempo, e, bem, parece que ele foi finalmente vendido.

Fachada do pátio da garagem da Viação São Francisco, em Abril de 2023. Foto: Google Maps.

Com isso não se encerra apenas uma história antiga, mas uma história que, perto de seu fim, trouxe a empresa a ter a frota mais velha da cidade, com mais da metade do total de seus veículos tendo mais de 10 anos, prazo máximo estipulado pelos órgãos reguladores da cidade, mas que na prática, ninguém cumpre e ninguém cobra.

Veículos nº 360, 305 e 320, em 1984. Foto: Acervo Chicobuss/Correio do Estado

Unificação

Com isso, as demais empresas do grupo, como Cidade Morena, Jaguar e Campo Grande estão absorvendo os veículos da finada empresa, boa parte de seus funcionários, e a operação das linhas, que até então era o maior temor caso a empresa viesse a falir do dia pra noite, estão agora nas mãos de uma única empresa: o Consórcio Guaicurus.

Os veículos da agora falecida São Francisco estão sendo remanejados para as demais garagens do grupo, assim como houve um remanejamento de vários veículos de outras empresas para as outras garagens do grupo também. Além disso, os veículos que ficam encostados próximos aos terminais esperando o horário de pico também devem conter cada vez mais a presença de veículos de todas as empresas, independentemente do terminal.

Veículo da Jaguar na reserva do terminal General Osório, cena que tende a ficar comum nos próximos dias.
Foto: Geraldo Viana

Além de nossas próprias observações, fontes internas revelaram que agora, qualquer empresa poderá operar qualquer linha da cidade, inclusive com qualquer motorista que estiver disponível no momento. Ou seja, o funcionário da Cidade Morena, que até então poderia apenas operar as linhas da região do bandeira, além das linhas da região da Cafezais e da Guaicurus, poderá ser escalado tranquilamente para realizar a operação de uma linha lá do terminal Nova Bahia, que era dominado pela São Francisco. Agora, os motoristas terão que estar preparados para conhecer praticamente todas as rotas existentes em Campo Grande, o que não é difícil, já que o próprio site do consórcio fornece o trajeto mapeado de cada linha.

Outra mudança a se esperar é ver veículos de outras empresas operando em regiões e linhas que até então não se imaginava a operação, como vem acontecido desde terça, com veículos da viação Campo Grande operando a 212, 215, 227, 234 e 235, veículos da Jaguar operando a 072 pela manhã e o mais recente, veículos da Cidade Morena operando a linha 312, que era exclusivamente da Jaguar.

Veículo da Viação Campo Grande realizando trajeto da linha 212 hoje pela manhã. Como os letreiros não tem as linhas configuradas, estão colocando apenas o crachá com o nome e a rota no para-brisa. Foto: Marcos Vello

Muitos motoristas não gostaram nada da mudança, por terem que se deslocar muito para chegar ao local de trabalho, e estão pedindo as contas. O consórcio, que já sofria com a falta de mão de obra, deve passar por uma situação ainda mais tensa nos próximos meses, quando as aulas voltarem e a frota voltar a operar em sua totalidade.

O que isso muda pro passageiro?

Na teoria, nada. O passageiro continuará sendo atendido normalmente, pois o consórcio deve cumprir as Ordens de Serviço emitidas pela Agetran, indiferentemente da empresa.

Na prática, poderão haver atrasos pela falta de conhecimento da rota, pela agora distância que os veículos precisarão percorrer para se deslocar de um ponto de apoio ou de uma das garagens existentes até o local de viagem. Enfim, é esperar para ver se o serviço vem a melhorar, ou se é só mais uma jogada do consórcio para reduzir custos operacionais.

Em breve, o letreiro mais "educado" da cidade deverá deixar de aparecer nos veículos. Foto: Pedro Arthur

Uma curiosidade é saber se os órgãos reguladores, como a Agetran ou a Agereg estão por dentro dessa "novidade" e se autorizaram, afinal, eles "nunca" sabem de nada, ou sempre são os últimos a saber. Esperar pra ver.

Comentários

  1. Anônimo4/1/24 18:02

    Espero que não haja greve

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  2. Anônimo5/1/24 02:09

    A grande verdade é que enquanto existir Consórcio Guaicurus, vai ser essa bagunça. Quando abrirem licitações para que um empresa DE VERDADE opere aqui, pode ser que melhore. Enquanto isso, bora "mofar" nos pontos e terminais para dar uma volta nas latas de sardinha.

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  3. Anônimo8/1/24 06:01

    Ja que a prefeitura não consegue excluir o Consórcio, porque não abrir uma licitação para a implantação de uma empresa para operar as linhas troncais (terminal a terminal) - já melhora e muito. Dai o Consórcio Guaicurus pera somente as linhas que operam dos bairros aos terminais e bairros ao centro.

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  4. Tem que ver o que está acontecendo temos que torcer para o novo Prefeito que for entrar cancele o contrato com essa empresa o consórcio Guaicurus já deu era tão bom quando tinha a antiga Assetur fora consórcio Guaicurus e reviva a Assetur cadê os vereadores para ver isso .

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