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Crise em empresa do consórcio prejudica população da zona norte da capital

A Viação São Francisco, uma das quatro empresas que operam o transporte coletivo da capital, atende a região norte da cidade, em bairros como Santa Luzia, Seminário e o grande Nova Lima. Já foi a maior empresa da cidade, quando a Auto Viação Floresta deixou de operar na cidade, em 2012, onde abrangeu várias linhas rentáveis da falida empresa, que tinha operação no terminal Morenão, Tiradentes, Pedrossian e Noroeste. 

Garagem da viação São Francisco, 2018.


A empresa já foi eleita uma das piores da cidade, em 2015, pelos usuários do coletivo e nossos leitores. Em 2016, parte da frota da empresa foi distribuída para as outras 3 empresas que operam na cidade, assim como várias linhas e tabelas em importantes linhas da cidade, como 072, 073, 080, 081 e 087. 

Atualmente, a empresa é a menor da cidade. Possui apenas 89 veículos em operação, e atende bairros pouco rentáveis para o coletivo, onde existe alto índice de gratuidades, como as linhas da região do Santa Luzia e/ou, baixo número de passageiros, como as linhas do Monte Castelo. Além disso, perdeu tabelas em linhas troncais importantes na cidade. As linhas 080, 081, e 087, onde antes operava com várias tabelas, agora, opera com uma ou duas. As linhas 073 e 072, onde a empresa era maioria na operação, deixou de operar completamente.

Além disso, o consórcio, com a desculpa de "equilíbrio econômico", repassou duas linhas bombas para a empresa: as distritais, ligando a capital a Rochedinho e a Anhanduí. Pra Rochedinho, o prejuízo é a demanda. A linha dificilmente carrega mais que 30 passageiros. Além disso, a linha inicia e recolhe no distrito, gerando uma quilometragem improdutiva gigantesca. Com a linha de Anhanduí é ainda pior, pois o distrito fica totalmente oposto a localização da garagem na capital, além de ser ainda mais longe.

Com isso, a empresa é a que menos gera receita, o que impacta em uma operação extremamente antieconômica. E é onde nós vamos começar a falar dos problemas atuais.

Funcionários

Desde o repasse da frota, em 2016, a empresa vem sendo alvo de vários boatos na cidade. A ameaça de fechamento do dia pra noite, como aconteceu com a Floresta, aterroriza os motoristas, que temem ficar sem receber seus direitos.

Com a COVID-19 interferindo no dia-a-dia da população, motoristas denunciam queda brusca de salário, devido a turnos menores de serviço, a falta de adicional noturno, com a suspensão temporária do coletivo circular após as 22h, depois de decreto do prefeito, e com o fim do fretamento particular, que foi levantado após denúncia pelo vereador Vinícius Siqueira, na operação Óleo Diesel, que foi ao ar na TVi Band no mês de abril. Eles também denunciam pressão do sindicato em se manter em silencio, onde um funcionário que prefere não se identificar denunciou que o sindicato intimida os funcionários "dizendo para agradecer as condições e o serviço que tem", pois em outros estados empresas estariam fechando as portas.

Operação

Além disso, passageiros denunciam frequentemente a falta de ônibus nos terminais General Osório e Nova Bahia, onde a empresa estaria tirando veículos de circulação sem autorização prévia da Agetran, inclusive agora, na operação especial por conta do COVID-19, onde as linhas já estão operando com veículos reduzidos, uma denúncia feita na página Segredos do Busao relata a empresa recolhendo veículos de várias linhas antes do horário. A informação foi confirmada depois de um acesso exclusivo a tabela dos motoristas, onde a empresa determina o recolhimento dos ônibus até três horas antes do final da operação.

Tabela de motoristas, linhas e horários que os motoristas devem recolher, de acordo com determinação da empresa.

Frota

Além disso, a empresa tem vendido seus veículos para empresas do interior do Paraná. Desde 2018, vários veículos da empresa, alguns vencidos, e outros que ainda poderiam estar em operação, foram remanejados para Arapongas - PR. Nas fotos abaixo, podemos ver veículos 2012, que ainda poderiam circular por mais 2 anos em Campo Grande, na cidade paranaense. Veículos esses que, inclusive, foram repintados para o novo padrão da Capital, mas que, do dia pra noite, foram para o Paraná.


Veículos 2012 remanejados para Arapongas-PR.

Escrito por: Gabriel Santos

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