Os mais saudosistas se lembram com carinho quando em 1992 foi inaugurado o SIT em Campo Grande, sistema integrado de transportes, com a construção dos terminais Bandeirantes e General Osório. Este sistema, baseado no de Curitiba, trouxe uma nova divisão de linhas e alterou a pintura dos ônibus, antes cada empresa tinha sua pintura, após a implementação deste sistema, a pintura foi padronizada com 4 cores, eram elas:
Amarelo: Linhas convencionais, que fazem trajeto centro-bairro.
Amarelo: Linhas convencionais, que fazem trajeto centro-bairro.
Vermelho: Linhas troncais, que fazem trajeto terminal-terminal passando pelo centro ou terminal-centro.
Verde: Linhas interbairros, que fazem trajeto terminal-terminal mas sem passar pelo centro.
Azuis: Linhas alimentadoras, fazem trajeto bairro-terminal.
Veículo da Viação São Francisco antes do SIT, época que cada empresa tinha sua pintura. Foto: Marco Antônio da Silva.
Ônibus da Viação São Francisco na pintura amarela do SIT. Foto: Michel de Souza.
Durante um longo período o esquema de cores funcionou muito bem. Em uma mera conversa com um usuário frequente do transporte da cidade, uma pessoa que viesse pegar ônibus pela primeira vez entenderia a organização do sistema só pelas cores e seria capaz até mesmo de se planejar mesmo sem nunca ter pego a linha.
A divisão de cores tinha uma importância além da organização visual do sistema, servia para fazer divisão de veículos. Os veículos de maior porte seriam em sua maioria vermelhos e verdes, para rodarem em linhas de alta demanda, já os veículos menores seriam preferencialmente amarelos e azuis. Aliás, pelo SIT, cada linha recebe uma classificação que inclui também o porte de veículo que deve operá-la.
Em meados de 2002, alegando dificuldades de manter a organização da frota dividida em 4 cores e com mais terminais e linhas para operar, as empresas decidiram abandonar a cor verde, passando as linhas interbairros a serem vermelhas. Em 2006, entra em vigor o novo padrão de pintura da cidade, o prata com a faixa estilizada, e alegando o mesmo problema, as empresas abandonaram a cor amarela, deixando as linhas convencionais na cor vermelha também.
Ônibus no novo padrão de pintura de 2006 na cor amarela. Novo padrão teve cor amarela por alguns meses, logo ela foi abandonada. Foto: Michel de Souza.
Com duas cores só, já não sobrava mais as empresas a alegação de que era complicado manter a frota organizada e mesmo com a adoção de um novo padrão de pintura em 2012, com o Consórcio Guaicurus, manteve-se o esquema de duas cores. Mas antes mesmo deste novo padrão visual, em 2011, começou a aparecer com frequência ônibus azul na linha troncal Aero Rancho - Expresso. Não era exceção, algo feito um dia ou outro por urgência devido a quebra de um veículo ou algo assim, era frequente e pareceu mais um teste das empresas de como o poder público reagiria a esta "desobediência".
O teste fez sucesso, e tanto a Jaguar, empresa que operava a linha 083, como a Viação São Francisco, passaram a escalar carros azuis com frequência em linhas troncais, convencionais e interbairros, com um agravante no caso das linhas troncais e interbairros, que os carros azuis em sua maioria são veículos leves, completamente inadequados para este tipo de linha. O poder público nada fez, muito pelo contrário, em 2012, quando entrou em operação o Consórcio Guaicurus, a Auto Viação Floresta e Viação Cidade Morena também entraram na brincadeira e de lá pra cá a situação só vem piorando, sendo que em 2014 já há relatos até mesmo de que a Viação Campo Grande entrou na onda. Hoje, a qualquer horário do dia você encontra ônibus azul circulando pelo centro, já não há padrão visual nenhum na cidade, as duas cores se tornaram mero aspecto decorativo. Carros leves, vermelhos e azuis rodam em linhas troncais a todo momento e principalmente aos fins de semana e o poder público nada faz, mesmo mudando o grupo que administra a cidade, a bagunça só aumenta.
O teste fez sucesso, e tanto a Jaguar, empresa que operava a linha 083, como a Viação São Francisco, passaram a escalar carros azuis com frequência em linhas troncais, convencionais e interbairros, com um agravante no caso das linhas troncais e interbairros, que os carros azuis em sua maioria são veículos leves, completamente inadequados para este tipo de linha. O poder público nada fez, muito pelo contrário, em 2012, quando entrou em operação o Consórcio Guaicurus, a Auto Viação Floresta e Viação Cidade Morena também entraram na brincadeira e de lá pra cá a situação só vem piorando, sendo que em 2014 já há relatos até mesmo de que a Viação Campo Grande entrou na onda. Hoje, a qualquer horário do dia você encontra ônibus azul circulando pelo centro, já não há padrão visual nenhum na cidade, as duas cores se tornaram mero aspecto decorativo. Carros leves, vermelhos e azuis rodam em linhas troncais a todo momento e principalmente aos fins de semana e o poder público nada faz, mesmo mudando o grupo que administra a cidade, a bagunça só aumenta.
Carro azul da Jaguar operando a linha 083 Aero Rancho - Expresso, o começo do fim. Foto: Eric Moises.
Para se ter uma noção de como o sistema foi completamente abandonado, a Viação São Francisco, com a saída da Floresta, assumiu 2 linhas azuis, cada uma que opera com 1 carro (526 e 515) e assumiu também completamente ou algumas tabelas de 7 linhas vermelhas (070, 514, 516, 520, 521, 523 e 524), o que exige dela dezenas de carros, mas na renovação de frota vieram 11 carros vermelhos e 15 carros azuis. Consequência, as linhas vermelhas assumidas pela São Francisco rodam com mais carros azuis do que vermelho.
Alguns podem alegar que as cores são frescuras, o que interessa é que haja ônibus na linha, mas ao meu ver, um consórcio que divide o padrão visual em dois, um número extremamente pequeno, e ainda assim não consegue cumprir esta divisão, mostra completo desleixo e má vontade, o que também pode ser expandido ao poder público, incapaz de cobrar algo simples do grupo que opera na cidade, tendo as exigências desrespeitadas na cara dura e fingindo que não é com ele. Para se ter uma ideia, Curitiba, a qual nosso sistema foi baseado, adota hoje 7 padrões visuais, definindo exatamente a cor ao tipo de veículo e linha que deve possuí-la, havendo proibição, por exemplo, de veículos de pequeno porte em linhas de grande demanda. A ausência de padrão visual também confunde os passageiros, mesmo hoje sendo muito mais fácil buscar informação sobre uma linha que em 1992. Vale lembrar que os sites com estas informações são incompletos e com uma enorme quantidade de erros e bastante gente, principalmente idosos, não acessam ou tem dificuldades para acessar internet. Da maneira como caminha nosso transporte, resta somente dizer adeus ao padrão de cores da cidade, padrão que morreu e que deixará saudades na memória dos usuários de ônibus da cidade.
Divisão da frota e cores atuais do sistema de Curitiba. fonte: http://urbs.curitiba.pr.gov.br
Carro azul na linha 083. Pintura nova, problema antigo. Foto: Eric Moises.
Produzido por Eric Moises Martins.
Primeiramente, parabéns para o blog, excelentes postagens! Verdade seja dita sobre esta matéria, que lixo e nojento o nosso sistema de transporte atual aqui em Campo Grande! Vergonhoso! O SIT de antigamente era exemplo de administração. O padrão de cores adotado na época era lindo, eficiente e muito organizado que se tornava exemplo para outras cidades do Brasil. Quem vivenciou aquela época chega a chorar com o atual, ninguém entende é mais p@#$ nenhuma. Eu fico pensando se quem mora aqui ja não entende imagina quem vem de fora. Se as empresas estão alegando que não dão conta das quatros cores, que na minha opinião caberia é mais cores, então pede baixa assim como a Viação Serrana e da lugar pra empresas serias de verdade. O que acontece é que são essas empresas malditas é que estão mandando, sempre visando aumentar seus lucros e o povo que se Fo...começou acabando com as cores, cobradores, articulados e por fim insistem em manter carroças circulando na cidade caindo aos pedaços, enferrujados, encardidos, barulhentos, com meia duzia de bancos pra sentar etc...vai PQP! Esse consorcio Guaicurus que me perdoe, mas ta uma merda. Que fase tenebrosa que estamos vivendo no nosso transporte urbano mas tenho esperança que isso vai acabar e voltar como era antes!
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