A última matéria postada no blog foi parar na imprensa e
teve grande repercussão, graças ao Midiamax, o fato dos ônibus BRTs da Viação
Cidade Morena não rodarem se tornou de conhecimento geral. Nestas horas surgem
muitos questionamentos e reclamações dos usuários, desculpas do consórcio e
gente bradando soluções oportunistas. Mas afinal, de quem é a culpa da
qualidade do sistema em Campo Grande cair ano a ano? Da prefeitura? Dos
vereadores? Das empresas? Ou mesmo dos usuários?
Todos tem sua parcela de culpa, mas a situação ter chegado onde
chegou recai principalmente sobre a prefeitura de Campo Grande, com destaque a
gestão de Nelson Trad Filho. A cidade parou no transporte coletivo, desde a
última etapa de implementação do SIT (sistema integrado de transporte) no
começo dos anos 2000, ainda na gestão de André Puccinelli, não houve nenhuma obra relevante que buscasse melhorias
no sistema, estando o SIT, planejado no começo dos anos 90, incompleto até
hoje.
Terminal Moreninhas, último construído em Campo Grande, no ano de 2001.
Mas o grande golpe veio na licitação do transporte coletivo
realizado pelo Nelsinho em 2012. Utilizando a desculpa da exigência de
investimentos por parte das empresas para liberação de verba do PAC Mobilidade,
Nelsinho adiantou a licitação que deveria ser realizada em 2014 para 2012. A
licitação vencida pelo Consórcio Guaicurus, dando o direito de exploração do
serviço por 20 anos, prorrogáveis por mais 10, foi a licitação mais permissiva
que vi sendo realizada no país nos últimos anos.
Além de valer por um prazo maior que a média, não há nenhuma exigência quanto à qualidade do serviço prestado, basicamente deu carta branca ao Consórcio operar da maneira que deseja. Não há exigências de articulados, não há exigências sobre qualidade dos veículos, intervalos das linhas, nada. Para piorar a situação, foi feita para cidade toda, sendo que cidade muitos menores que Campo Grande dividiram suas licitações em lotes, para ter ao menos mais de uma empresa de grupos diferentes operando. Já aqui, todas as empresas pertencem ao grupo Constantino. E se alguém tem dúvida de que houve esquema na licitação de Campo Grande, vale a pena ler esta notícia, em que os envolvidos e o modo de operação foram exatamente o mesmo que ocorreu por aqui:
Um dos projetos de corredores previsto pelo PAC Mobilidade que até hoje não saiu do papel
Além de valer por um prazo maior que a média, não há nenhuma exigência quanto à qualidade do serviço prestado, basicamente deu carta branca ao Consórcio operar da maneira que deseja. Não há exigências de articulados, não há exigências sobre qualidade dos veículos, intervalos das linhas, nada. Para piorar a situação, foi feita para cidade toda, sendo que cidade muitos menores que Campo Grande dividiram suas licitações em lotes, para ter ao menos mais de uma empresa de grupos diferentes operando. Já aqui, todas as empresas pertencem ao grupo Constantino. E se alguém tem dúvida de que houve esquema na licitação de Campo Grande, vale a pena ler esta notícia, em que os envolvidos e o modo de operação foram exatamente o mesmo que ocorreu por aqui:
Em Campo Grande as empresas vencedoras pertencem todas ao
grupo Constantino, sendo que a única concorrente foi a Auto Viação Redentor, do
grupo Gulin e a empresa Logitrans teve uma longa parceria com a prefeitura de
Campo Grande na era Nelsinho.
Depois do estrago feito pelo Nelsinho, a busca por melhorias
na qualidade do transporte coletivo de Campo Grande se tornou muito complexa,
já que não há exigências capazes de caracterizar um descumprimento do contrato
por parte das empresas de ônibus, sendo que as mesmas, muitas vezes, alegam que
estão fazendo mais do o que exigido.
Já o primeiro ano da gestão Bernal até sua queda em 2014 foi
bastante comentada no blog, trazendo alguns leves avanços na área, como vocês
podem relembrar aqui:
Em seguida a administração Gilmar Olarte permitiu mais uma
vez que as empresas se auto regulassem e dominasse a cidade, sendo inclusive
nomeado um ex-funcionário do Consórcio, Janine de Lima Bruno, como diretor de
transporte da Agetran. Durante o período Olarte, houve a retirada de 12
veículos articulados da cidade, sendo substituídos por veículos convencionais e
diversos cortes ou reduções de voltas de várias linhas da cidade, política esta
que se mantém em larga escala até hoje, mesmo com a volta de Alcides Bernal.
Linha 065, T. Guaicurus/T. Moreninhas/Praça Ary Coelho, linha extinta em 2015.
E a verba do PAC Mobilidade que serviu como desculpa para
tudo isto? Lá se vão 6 anos e até agora nem 1 centavo investido na cidade.
Projetos mal feitos, mudanças de projetos e o cenário político conturbado fez
com que tanto tempo se passasse e até hoje nada fosse feito. Ainda corre-se o risco
da primeira remessa desta verba virar asfalto, sem trazer nenhum benefício
prático e de longo prazo para o sistema de transporte coletivo de Campo Grande.
Na próxima coluna irei trazer qual é a responsabilidade dos
vereadores neste assunto, o que eles poderiam fazer e o que supostamente tem
feito em benefício desta área.
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